quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Um raio de luz

Imagine você em uma caixa escura que viaja por um grande rio de trevas.
Você não precisa de água, você tem muita fartura. Mesmo sabendo que pessoas precisam de água você passou sua vida em cima de água, de um rio.

A única coisa que você procura é a luz. Mas aquela caixa fechada não ajuda a você procurar a luz. De vez em quando um raio luminoso te cega e você começa desesperado a tentar quebrar a caixa, quando consegue fazer um furo e vê que não existe a luz. Aquele raiozinho de luz se perdeu nas trevas e entrou ali. E começa a encher a caixa de água. Aquele desespero parecia matar você.

Tantas pessoas com a luz, e você não. Sua única companheira era a caixa que ao mesmo tempo em que você a agradecia por salvar você de um afogamento tantos anos, você a odiava por não ver a luz. Procurar a luz!

De tempos em tempos aparecia um raiozinho de luz. E você se apegava tanto aquele raio que sugava ele, e ele desaparecia. Você tentava ter o sol com um raiozinho, e queimava sua chance de ter a luz. Fracasso! Às vezes você perdia a esperança de continuar procurando a luzinha, às vezes queria quebrar a caixa e deixar o rio fazer o que quiser...

Mas você ainda está nessa caixa, quer dizer que você não encontrou a luz, mas ainda não desistiu mesmo fraco. A grande questão é:

Quando não se sabe para onde vai, quando não se sabe onde está, quando não sabe quem você é, você encontrará a luz?

Eu ontem vi um raiozinho de luz mais uma vez, um raio que me visitou a 4 anos atrás. Visitou-me de novo, pois eu tinha sugado o último raio que me veio a um mês e estava a perecer. Será que algum dia vou ver que este raio não vai acabar? Que a luz está lá fora, que eu preciso quebrar a caixa porque estou livre?

Tenho medo de quebrar a caixa agora, a mariposa precisa sair do casulo para fazer a seda. Mas é preciso saber tecer antes de voar. O que devo fazer com o pequeno raio ao meu lado?

Perguntas ficam, quando se procuram respostas. Quando procuramos apenas um caminho aparecem milhares de mapas para nos confundir. As coisas deveriam ser deveras simples.

Paulo André, pensando na minha caixa.

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