sábado, janeiro 28, 2006

A fonte dos desejos e 10 centavos qualquer.

Fonte dos desejos. Apenas uma moedinha.

Tinha 10 centavos no bolso, com estes 10 centavos poderia fazer tanta coisa, tantas brincadeiras que facilitaria o meu relógio a voar, até mesmo doar estes centavos para a pinga do mendigo na rua.

Andando pela rua, vendo casebres antigos sentindo a máxima absorção que uma havaianas pode proporcionar quando se anda por cascalhos, uma brisa discreta dando seus suspiros entre meus pensamentos. No fim dessa rua, tem uma fonte que todos dizem ignorar, mas vive cheia de moedinhas. Decidi não colaborar para a corrupção do mundo dando esmolas, era melhor poluir a água da fonte com mais uma moedinha de 10 centavos.

Uma mão ao alto voltando ao seu estado original soltando em sua ponta um pedaço metálico que quebrava as barreiras do ar em uma decida incisa através da gravidade: tac toc thun cabum na água. Agora que já paguei posso desejar, desejei apenas uma coisa. Tanta fé que removeria facilmente todas as montanhas e “jequitibás” da terra, você.

E segui em frente correndo em círculos através de uma reta imaginária colaborando com as leis da mecânica para que possam evoluir e deixar seus dogmatismos. Decidi que nunca mais ia voltar para aquela fonte, um dia qualquer aquela moeda voltaria para meus bolsos. Meus únicos 10 centavos jamais fariam à diferença, sendo que a fonte pode receber centenas deles. Minha fé poderia mover montanhas menos uma fonte qualquer.

E lá se vai o mesmo cara dos casebres antigos agora sem 10 centavos, olhando para os lados a procura de um parapeito qualquer onde pudesse aprender a voar para procurar outros centavos... se não falhar, e conseguir voar vai de encontro ao seu lugar... se cair o seu réquiem já estará pronto e 10 centavos jamais voltaram a faltar...

Paulo André, o narrador, a personagem e o leitor.