quarta-feira, novembro 02, 2005

Um banco qualquer

Aqui nesta praça onde encantei e fui encantado me busco pelas árvores e bancos. Vejo um banco de pedra com um tabuleiro de damas e me sento à espera de uma companhia qualquer, o tempo passa e as peças não são postas minha sombra não é capaz de jogar contra mim. Sou eu e ela, minha sombra a que jamais me abandonará é estranho pensar que se está só com tantas pessoas ao redor.

Vejo pessoas sorrindo, pessoas chorando, vejo pessoas conversando, vejo pessoas solitárias todas passando por mim e me faço desperceber, mais um ali talvez a perecer. – Um velho solitário – pensa o atarefado que passa por mim e me vê ali conversando com a minha sombra e lá está o jovem cheio de vida correndo para preencher um gabarito.

E continuo ali a esperar alguma a me desafiar, neste jogo de damas que contemplo sem as peças. Vejo as horas do dia, me lembro das cantigas que me faziam sonhar e este velho aqui a reclamar da vida que lhe faz e desfaz. Me sinto amado e abandonado, talvez um velho poeta que ainda não sabe rimar e muito menos fazer contemplar.

Chega à noite e ninguém veio jogar, passaram milhares centenas dezenas uma pessoa até parou para olhar talvez não valesse a pena. Espera, alguém está vindo e alguém esta me olhando, alguém sorrindo vem por aqui será essa? – Uma esmola pro senhor – indo embora sorrindo pensando ter feito uma boa ação.

Este velho então, recolhe seu jogo a sua sombra já partira, as gotas começam a cair do céu e se vê ali numa praça qualquer onde as esperanças já se esgotaram e sentia que talvez não houvesse uma dupla para seu jogo de damas. Recolheu-se naquela chuva, e sentiu em sua face às lágrimas do céu confundir-se com as lágrimas de sua face. Talvez amanhã para não se perder o resto, talvez amanhã o ninguém se faça presente ou alguém se torne continuo.

Rabiscado e composto por Paulo André

Um comentário:

Augusto disse...

Tu acabas de me inspirar para um soneto, o titulo? se chamará: " A chuva"
posso começar com: "Tarde, ao meu quarto me recolho" o segundo verso pode ser algo do tipo: "o céu se descortina, o infinito dorme"
realmente muito sentimental, sua alma está sensível, e aberta a ler o universo e interpreta-lo. Esse sentimento a muito me persegue, todos os dias quando eu ando solitariamente pelas ruas, eu me sinto as vezes como Truman...
Vendo milhões de rostos repetidos e a cidade brinca... o velho do outro lado da calçada a senhora apressada com as compras os garotos que se divertem rindo do senhor deitado no chão embebedado da ultima esmola, a colegial bonita nos rouba um sorriso e desaparece na ultima esquina!
Ah!... isso é uma perfeição em Crônica!
escreva um livro amigo!
E eu comprarei!